sexta-feira, 25 de junho de 2010

Conheça o site oficial de Aécio Neves


Já está no ar o novo site oficial do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves. O site possui navegação simples onde o internauta tem acesso a informações importantes sobre quem é Aécio Neves, sua família, sua história e seu trabalho.

Aécio Neves entrou na vida política quando tinha apenas 21 anos, trabalhando ao lado de seu avô, o ex-presidente Tancredo Neves. De lá pra cá, ele vem construindo uma história política com importantes realizações sendo considerado um dos melhores governadores do país. Parte da biografia de Aécio Neves, sua formação, seu trabalho como deputado federal e governador de Minas Gerais é apresentado no site oficial www.aecioneves.com.br .

O site disponibiliza alguns dos mais célebres discursos de Aécio Neves, cartas, vídeos, fotos, entrevistas marcantes, além de artigos escritos por ele e por profissionais reconhecidos que admiram o trabalho do ex-governador mineiro.

Acesse www.aecioneves.com.br e conheça mais sobre a história e o trabalho de um dos políticos brasileiros mais influentes do país.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Aécio lidera disputa pelo Senado

Pesquisa DataTempo/CP2 mostrou, mais uma vez, que Aécio Neves é o favorito para ocupar uma das vagas ao Senado. A segunda opção dos eleitores é Itamar Franco. Segundo a pesquisa, Aécio Neves foi preferido por 62,94% das pessoas, enquanto o segundo candidato recebeu 32,49% das menções.
Fonte: CDL FM

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Anastasia dá continuidade ao trabalho de Aécio Neves na área social


Ontem, o governador Antonio Anastasia assinou convênios para expansão da Rede de Proteção Social no Estado que foi criada no governo de Aécio Neves. Esta rede consiste em integrar diversos órgãos estaduais e entidades de classe para trabalharem juntos no combate à exploração de menores e ajudar grupos mais vulneráveis.

Municípios mineiros receberão R$ 11,6 milhões em investimentos na área social. Com estes recursos, serão criadas diversas instituições de serviços sociais básicos, assistência social, jurídica e psicológica entre outros, que vão ajudar crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiências e em situação de pobreza ou miséria.

O governador afirmou que as diferenças regionais e o grande número de municípios mineiros são os maiores desafios para garantir assistência social de qualidade em todas as regiões de Minas Gerais. Ele disse que Minas está vencendo o desafio e, hoje, é um dos estados em que a rede social está mais bem consolidada.

Antonio Anastasia entregou 75 veículos e 146 kits de informática para Conselhos Tutelares. Os municípios beneficiados foram selecionados a partir do diagnóstico da Polícia Rodoviária Federal, que identificou os pontos mais vulneráveis das rodovias mineiras à exploração sexual de crianças e adolescentes em 61 municípios mineiros. Já os Conselhos Tutelares dos 146 municípios que receberão kits de informática foram selecionados por apresentarem baixo Índice de Desenvolvimento Humano.

Outra importante ação da Rede de Proteção Social é a campanha “Proteja Nossas Crianças”, que comemora dois anos com resultados expressivos e que será intensificada. O número de denúncias recebidas pelo Disque Direitos Humanos (0800 031 1119) aumentou mais de 100%, comparados aos períodos anteriores e posteriores à campanha.

Preocupado com as dificuldades de custeio do sistema social, Antonio propôs a criação de um piso mineiro de assistência social. O piso garantirá o financiamento da Rede de Proteção Social com recursos orçamentários do Estado. “Estamos propondo algo que será inovador para Minas e para o Brasil. Vamos propor um piso mineiro da assistência social junto aos municípios para financiarmos essa infraestrutura necessária, para que todas as ações da sociedade encontre o desaguadouro necessário dentro dessa grande rede”, explicou o governador.

Saiba mais sobre os centros assistenciais que serão construídos em Minas Gerais

Creas - Centro de Referência Especializado de Assistência Social: presta serviços especializados às famílias ou aos indivíduos que têm seus direitos violados e pessoas em situação de rua e jovens envolvidos com drogas. Minas Gerais conta atualmente com 124 Creas em 113 cidades. Em breve, teremos 136 unidades em 125 municípios. Com a expansão, cerca de oito mil novas famílias ou indivíduos serão beneficiados anualmente.

Cras - Centro de Referência de Assistência Social: identifica a necessidade de cada uma das pessoas que procuram ajuda. A partir do diagnóstico, famílias ou pessoas em situação de vulnerabilidade social são encaminhadas para escolas, creches, unidades de saúde. Minas Gerais conta com 816 Cras espalhados por 646 cidades. Com a assinatura dos convênios, o Estado passa a ter 881 Cras em 711 municípios, o que corresponde a uma cobertura de 83% das cidades mineiras.

Casi - Centro de Atendimento Sócio-Infantil: atende crianças e adolescentes de seis a 15anos, garantindo espaços adequados para a prática de atividades culturais, esportivas, recreativas e pedagógicas em ambiente propício para a interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social. No ano passado, 65 Casi foram implantados no Estado que vão somar aos 60 novos que serão construídos. Cada unidade atende até 150 crianças e adolescentes no contraturno escolar, totalizando nove mil crianças e adolescentes.

Fonte: Agência Minas

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O tucano relutante - Entrevista de Aécio Neves à Revista Época

Em entrevista a Ruth de Aquino, Leopoldo Mateus e Alberto Bombig, da Revista Época, o ex-governador de Minas Gerais fala sobre política, eleições, José Serra, o sonho da presidência, o PT, Rio de Janeiro e até futebol. E mostra que é um homem de seu tempo, com características e postura dignas de um chefe de estado, que exerce com naturalidade e legitimidade suas funções sem se desfazer das coisas simples da vida, como bom mineiro. Aprendeu com o avô Tancredo a ter paciência e acredita ser possível fazer política com mais arte e menos competitividade.


Leia um trecho da reportagem publicada na Época desta semana a seguir:


O tucano relutante




Ele quer sair de Minas direto para a Presidência? Quer flertar com o PT? Quais são os motivos de Aécio para recusar ser vice na chapa de Serra?

Se existe algo que provoca arrepios no ex-governador mineiro Aécio Neves, de 50 anos, é o quadro imenso que domina a sala de seu apartamento no bairro nobre de Anchieta, em Belo Horizonte. Assinada pelo conterrâneo Carlos Bracher, a tela mostra nuvens carregadas sobre a Praça dos Três Poderes. “Ai, ai, Brasília...”, diz Aécio, como se fosse refém de seu destino. Brasília é seu porto daqui para a frente, Minas Gerais ficou pequena. Candidato ao Senado, Aécio acaba de chegar de férias em dois paraísos na Itália – as aldeias da Toscana e as rochas da Costa Amalfitana. Viajou com a namorada, a modelo catarinense Letícia Weber, que tem a metade de sua idade e ele chama de Le: “Sou o último romântico, como diz Lula”.

AO SENADO

Aécio no bar de sua casa. Ele diz que cansou das especulações sobre a candidatura a vice. “Pode cravar, chega dessa história”

Paciência. Essa é a maior virtude que Aécio diz ter aprendido com o avô Tancredo Neves. Não é difícil acreditar nele. Além de paciente, é sedutor. Bronzeado, bem-disposto, com o sorriso que faz uma covinha na bochecha direita, o governador mais bem avaliado do Brasil recebeu ÉPOCA em sua casa, na segunda-feira à noite. O suco de abacaxi com hortelã ficou mofando sobre a mesa. Ele falava sem colocar vírgula. De jeans, camisa azul para fora da calça, mocassim sem meia, Aécio balança sem parar as pernas cruzadas e gesticula muito. Tem a mania de prender a mão entre as pernas. O suor marca a cava da manga da camisa. Não parece nervosismo, porque olha no olho, não desvia do assunto. É inquietação mesmo. Malha quase todo dia, joga pelada uma vez por semana, corre. Detesta posar. “Naquela poltrona, não. É horrível.” Era uma poltrona de design, The Egg, do dinamarquês Arne Jacobsen. Ele preferiu a banqueta do bar.
Nos últimos dias, Aécio resistiu a pressões da opinião pública e do PSDB. Recusou-se pela enésima vez a ser vice de José Serra na eleição deste ano: “Pode cravar, chega dessa história”. Os tucanos bicaram e espernearam, mas o empate de Serra com Dilma Rousseff nas pesquisas não demoveu Aécio. “Eu era candidato a presidente. Achava que poderia atrair o PSB, o PDT e racharia o PMDB. Nunca fui candidato a vice, nem quando Serra tinha 20 pontos de vantagem sobre Dilma. Agora sou candidato ao Senado.” Promete ser o maior cabo eleitoral de Serra. Em Minas, nos programas da TV, nos palanques. Basta?

Serra também está cansado dessa história. Deu ordens expressas para que o assunto seja tratado apenas nos bastidores. Não é bom para ele parecer tão dependente. “Aécio tem um projeto pessoal e não quer ir a reboque. Política não se faz por amizade nem por egoísmo, mas não dá para pedir esse sacrifício a ele”, diz o cientista político Octaciano Nogueira. Na quarta-feira, um almoço em São Paulo reuniu Aécio, Fernando Henrique Cardoso, o senador Tasso Jereissati e o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. “Meu nome nem foi cogitado”, disse Aécio. Os nomes no cardápio foram os conhecidos: o próprio Tasso (o melhor vice na visão de Aécio), o senador Francisco (Ficha Limpa) Dornelles e Itamar Franco.

Por que Aécio disse não, não e não? Porque ele quer ser presidente. Quer ser o primeiro, e não o segundo. Não quer viver no anexo do Palácio do Planalto. Não gosta de sombra, mas de sol. Não quer sair pelo Brasil carregando o pendor para Serra e desguarnecer Minas – onde seu candidato, o governador Antonio Anastasia, vai enfrentar a chapa PMDB-PT (Hélio Costa-Patrus Ananias). O tempo está a favor de Aécio. E ele não se enquadra no figurino de vice. Não é discreto nem calado. “Eu sou otimista. Não deu certo, vamos para a próxima etapa. Estou absolutamente convicto de que tomei a decisão certa.”

É mais fácil imaginar Aécio bebendo cachaça com Lula do que vinho com Serra. “É verdade. Mando todo mês a cachaça da fazenda da família para o presidente. A Matusalém. Não tem nada parecido no Brasil. Quantas garrafas? Ah, o Lula não bebe sozinho”, diz. O que os aproxima não é uma questão etílica, mas o jeito bonachão que atrai e não afasta as pessoas. Se Lula aprendeu a negociar como líder sindical e só ganhou jogo de cintura depois de perder várias eleições, Aécio nasceu com paz e amor no DNA. Político que tem arestas, mineiro não é. “A personalidade e o estilo de Aécio e Serra são muito diferentes”, afirma o cientista político Leôncio Rodrigues. “Não seria fácil conjugar os dois na chapa. Ambos são ambiciosos, com carreira política que os legitima para ser presidentes, são fortes em seus Estados.”

“Se tivesse garantia de que como vice ia botar 20% nos votos do Serra, eu pensaria. Mas é só 0,5%” - Aécio, traduzindo em números seu cálculo político.

Ao mesmo tempo que sente simpatia por Lula, Aécio expressa respeito por Serra. “Se o Serra tem cara de mal-humorado, precisamos entender isso como uma cara de alguém preocupado com o país.” O mais importante, diz, é o Brasil se livrar de mais quatro anos de PT, porque isso seria “ruim para o país”. Por um momento no ano passado, ele achou que comandaria o processo de mudança. Mas o PSDB, fechado com Serra, deixou Aécio cantando sozinho o samba das prévias. Até que ele fez um “gesto de generosidade” e retirou-se do cenário em dezembro. Em nome de que ele agora seria o vice de Serra? “Em nome de algo maior e de seu próprio futuro, seu projeto presidencial”, diz o sociólogo Bolívar Lamounier, mineiro que mora em São Paulo. Ele é um dos inconformados. Lamounier acha que a chapa puro-sangue Serra-Aécio teria tudo para decidir a eleição e, mesmo se Dilma ganhasse, o gesto de Aécio o transformaria automaticamente em líder maior da oposição no país, em vez de um entre 81 senadores. Mas e Minas? Como candidato a vice ou a senador, qual seria a melhor posição para ajudar a eleger Anastasia? Aécio está convencido de que ficar no Estado é a melhor solução.

Em Minas Gerais, Aécio tem tanta popularidade quanto o presidente Lula. Em janeiro, segundo as pesquisas, Aécio tinha 76% e Lula 72%. Em maio, a situação se inverteu: 73% para ele e 77% para Lula. Isso demonstra que existe uma razoável interseção entre lulistas e aecistas. “Gosto de ser tocado pelo povo, ver meu governo reconhecido, perceber o carinho nos olhos de quem votou em mim. Isso me emociona.” Na segunda-feira, ÉPOCA o acompanhou em viagem de avião a Janaúba, no norte do Estado, onde seu pai foi homenageado. Aécio estava com a voz rouca, desgastada pela festa de batizado da filha de um amigo na noite anterior. No voo, dormiu uns 20 minutos com a boca aberta. “Parece Juscelino”, disse rindo o pai, Aécio Cunha. “Quando eu viajava com Juscelino para o interior, ele sempre batia no relógio e dizia: ‘Me acorde em 20 minutos’.” Revigorado após o sono pesado e breve, Aécio foi recebido por militantes emocionados e moças aos gritinhos, que disputavam fotos ao lado dele. “Agora mais pra frente, Aécio presidente!”, gritavam.

Pela primeira vez, Aécio se diz “desempregado”. Sabe que é por pouco tempo. Ele se anima quando fala da disputa política em Minas, da vida social no Rio de Janeiro, da fazenda onde a filha Gabriela, de 18 anos, sobe na mesma jabuticabeira em que ele subia aos 10 anos. Dos amigos, da família, de Nova York e de futebol. O cruzeirense Aécio não se conforma com uma Seleção Brasileira sem o jovem Ganso. “Política é momento. Futebol também. É muita carga no Kaká, não sei se é um cara que tem esse estofo.”

A conversa sobre a Vice-Presidência seria muita carga em Aécio? Ele diz que não, que se sente honrado. Mas não gosta nem um pouco quando percebe que alguém tenta transformá-lo em bode expiatório na hipótese de uma derrota de Serra nas eleições. “É patético que alguém me chame de traidor ou antipatriota. Se eu tivesse garantia de que como vice ia provocar uma comoção, que eu ia botar 20% nos votos do Serra, eu pensaria. Mas o impacto de meu nome como vice não é expressivo, e os números provam.” Ele se refere a uma pesquisa feita pela Vox Populi em Minas Gerais. Serra teria hoje 36% dos votos em Minas, e Dilma 30%. Dos 14 milhões de eleitores no Estado, 20% admitem votar em Serra com o apoio de Aécio, mas não necessariamente como vice. E só 5% condicionam o voto a Serra a uma chapa com Aécio como vice. Isso corresponde a 0,5% dos votos no Brasil.

A pesquisa só foi feita em Minas porque é ali que o nome Aécio Neves atinge o povo. “No resto do Brasil”, diz Marcos Coimbra, diretor da Vox Populi, “o eleitorado está posicionado e muda pouco agora em função de dados como a Vice-Presidência.” No Norte e no Nordeste, Aécio Neves é praticamente desconhecido. “É em Minas que ele chega ao estudante de baixa renda, ao aposentado, ao operário, ao informal, às mulheres em geral.”

Dizer que Aécio é bom de papo faz justiça a seu gosto pela articulação. Mas seu trunfo maior são as urnas. Foi eleito quatro vezes deputado federal, quatro vezes líder do PSDB, presidente da Câmara e governador de Minas, eleito em 2002 e reeleito em 2006 com porcentual inédito de 77% de votos válidos – e saiu em dezembro com 92% de aprovação. Não é só com simpatia que se consegue isso. “Choque de gestão, esse é o motivo. Sei que alguns criticam, alguns elogiam e a maioria não entende. Choque de gestão significa nossas crianças em Minas ganhando as olimpíadas de matemática, significa ter as crianças de 8 anos que melhor sabem ler no país.”

Aécio acha que Serra não tem batido suficientemente no maior vício do governo Lula: o aparelhamento e a ineficiência do Estado. “Os gastos cresceram de forma avassaladora e irresponsável, e isso não veio acompanhado da melhoria do serviço público. Aqui em Minas todo mundo tem bônus por meta. Pergunta se o governo federal tem alguma medida nessa direção. Não tem sabe por quê? Porque os sindicatos reagem.”

Ele entrou para a política aos 22 anos, como secretário do avô Tancredo, então candidato à Presidência. As imagens dessa época mostram um garoto de olhos muito expressivos e assustados. A vida de repente mudou. Perderia cavalgadas com os primos na fazenda e os jogos do Cruzeiro no estádio do Mineirão em companhia do pai. Subia ao palco político com o carimbo do sobrenome do avô materno. E não mais sairia. Criou luz própria. O jornalista Roberto D’Avila, que o conheceu antes da campanha das Diretas, há 30 anos, acha que Aécio “tem um comportamento de chefe de Estado”. Uma postura que emerge naturalmente em viagens que fizeram juntos a Cuba e à Venezuela nos anos 80, depois à Itália, à França e a vários outros países. “Como dizia Leonel Brizola”, afirma D’Ávila, “os líderes se reconhecem – e seja Shimon Peres ou François Mitterrand, sempre vi todos o tratarem de igual para igual, como alguém com pedigree, história e legitimidade.”

Para entender Aécio Neves, é preciso entender suas muitas paixões. Ele diz ser um homem de seu tempo. “Se gostar do Rio de Janeiro é defeito, vou avisando que esse defeito só tende a aumentar e que vou lá menos do que eu gostaria. É onde estão lembranças da adolescência, amigos e, principalmente, minha filha, Gabriela.” Se houve um momento da conversa em que Aécio ficou sério, foi quando se mencionou que ele gostava de “farras”. Festeiro sim, mas a fama de farrista o incomoda. O Aécio carioca, que desfila no Sambódromo, é mais conhecido do que o rural.

Seu primo Fernando Tolentino, o Grilo, conta como é sagrada a cavalgada anual da família, normalmente na última semana das férias de julho. “A gente sai da fazenda de um parente e vai para a dele. Termina com uma moda de viola e um churrasquinho. Pé no chão, short e camiseta. Sempre que a lua cheia do fim de semana encaixa com a agenda, ele vai para lá e encomenda em algum povoado um franguinho caipira. Gosta de cabrito assado também.”

Aécio continua confiante no futuro, mesmo que tenha sido preterido como candidato à Presidência pelo PSDB. Neste ano, pela primeira vez o nome de Lula não estará nas cédulas desde 1989. Aécio declarou que Geraldo Alckmin perdeu em 2006 não para um candidato, mas “para um mito”. E se o próprio Aécio tiver de disputar com “o mito Lula” em 2014? “Nunca sofro por antecipação, não consigo”, diz mineiramente o neto de Tancredo.


Confira o restante da entrevista no site da Revista Época (link para assinantes).
Leia também a primeira parte da entrevista, publicada por Época no dia 01/06/2010: Aécio Neves: "Tasso é o melhor vice".

terça-feira, 1 de junho de 2010

Aécio Neves afirma em entrevista à Revista Época que Tasso Jereissati é o melhor vice para Serra



Mais convicto do que nunca a disputar uma vaga no Senado e empenhado em eleger seu candidato, Antonio Anastasia, ao governo de Minas, Aécio Neves continua sob pressão do PSDB para formar uma chapa puro-sangue com José Serra em direção à Presidência da República, num momento em que o tucano e Dilma Rousseff, do PT, aparecem empatados nas pesquisas.

Ontem, depois de voltar de Janaúba, no norte de Minas, onde inaugurou o parque de exposições da cidade batizado com o nome do seu pai, Aécio Ferreira Cunha, Aécio conversou com a diretora da sucursal carioca da Revista Época e com o repórter Leopoldo Mateus, em seu apartamento no bairro Anchieta, em BH.

Confira a seguir, a entrevista onde o ex-governador de Minas declara que Tasso Jereissati é o vice mais indicado para José Serra.


Aécio em entrevista para a Revista Época.


ÉPOCA – Os caciques do PSDB sempre insistiram muito em uma chapa puro-sangue, especialmente tendo o sr como “o outro tucano”.
Aécio Neves - E eu sempre falei que, se queriam puro-sangue, não daria para ser eu. É só olhar para mim e ver que sou mestiço, olha a minha cor. Sempre defendi que deveríamos ampliar a aliança ao máximo. Esta eleição está se construindo com base em algo que me preocupava e continua me preocupando, que é a tendência de um plebiscito: quem é contra ou a favor do governo do residente Lula. Quanto mais ampla for a aliança, mais poderemos fugir desse tipo de confronto que não interessa ao país. Mais quatro anos de PT seriam uma perspectiva ruim para o país. Quero muito ganhar esta eleição, junto com o Serra, com todo o meu empenho.

ÉPOCA – Por que o sr decidiu retirar sua candidatura em dezembro?
Aécio - Fui candidato até o fim do ano passado, quando ainda havia espaço para alianças maiores, com Ciro Gomes, por exemplo. Depois os partidos foram se definindo, como é natural. E, como o PSDB não quis fazer as prévias, e percebi que a maioria queria o Serra, que tem um potencial muito forte, e não pode ser negado, decidi sair da disputa. Para não ser acusado futuramente de dividir o partido, me retirei no momento que achei mais adequado. Jamais mudei minha posição.

ÉPOCA – O sr afirma que Serra é a melhor alternativa para o Brasil. Mas, num certo momento, o sr achava que seu nome era o melhor para presidente. Por quê?
Aécio - Eu achava que minha candidatura poderia significar alguma coisa nova. Não tinha convicção de que iria vencer as eleições. Mas achava que minha candidatura não tinha teto. Eu poderia surpreender, ultrapassar. Meu objetivo era construir aliança com setores como o PSB, o próprio Ciro, o PMDB. Eu poderia dividir o PMDB naquele momento. Claro que não poderíamos desprezar uma candidatura como do Serra, com 40% de intenção de voto. Mas sempre fui candidato a presidente e não a vice. E agora, sou candidato ao Senado.

ÉPOCA – O sr já disse “não” várias vezes à ideia de ser vice. Por acaso não seria também um pouco de receio de perder esta eleição junto com o Serra – e também ser responsabilizado um pouco no fim?
Aécio - De jeito nenhum. Sei muito bem que essa campanha será muito dura e ninguém vai vencer de larga margem, como gostam de alardear alguns setores do PT. Dilma tem virtudes, caso contrário não chegaria aonde chegou, mas Serra tem mais preparo. As pessoas esquecem rápido, mas eu já não queria ser vice quando o Serra tinha uma vantagem de 20% sobre a Dilma.

Hoje, estou convencido de que minha candidatura a vice criaria um fato político momentâneo, e positivo, mas isso ia durar uns 15 dias. Agora vem a Copa do Mundo, e ninguém fala mais em política. E, na próxima pesquisa, veríamos que não mudou nada. A gente enfraqueceria nossa retaguarda em Minas, onde sei que posso dar uma contribuição para o Serra, apoiando o Anastasia (atual governador de MG). Tenho que estar vigilante em Minas, viajando pelo estado. Para manter coesa nossa base, nossos prefeitos, nossas lideranças políticas. Isso não aconteceria se eu saísse viajando agora pelo Brasil. Claro que, se alguém me demonstrasse que minha candidatura a vice seria bombástica, decisiva, aí sim poderia ser diferente.

ÉPOCA – E agora não seria possível para o PSDB aumentar esta aliança na eleição presidencial?
Aécio - A essa altura não mais. Temos que ficar com a aliança que está aí. Além do DEM e do PPS com o PTB, não há mais o que fazer. Se você me perguntasse em dezembro, ali sim era possível trazer mais gente, aglutinar outras lideranças... o PP, o PDT. Esse tempo passou. Na política, tudo tem seu tempo. Agora, nós temos que acreditar no contraste das personalidades. No momento em que houver o enfrentamento real entre o Serra e a Dilma...

ÉPOCA – O sr acha esse contraste tão evidente assim?
Aécio - Quando digo isso, falo sobre o preparo, a experiência do Serra. É aí que está a diferença. Claro que não se faz campanha sem tropeço, mas os tropeços podem vir muito mais do lado de lá (da Dilma e do PT). O Serra vai inspirar maior segurança nas pessoas. E esse negócio de transferência de votos (do presidente Lula para Dilma) tem importância, claro, mas o eleitor vota no candidato, a história já nos ensinou isso.

ÉPOCA – Se a transferência de votos é limitada, sua presença em Minas também não garante que seu candidato, Anastasia, vença a eleição para o governo estadual.
Aécio - É verdade...Não garante mas ajuda. Por enquanto, só 10% dos eleitores sabem que ele é meu candidato. Ele não é o mais experiente, nem é uma liderança política autônoma, consolidada, mas será um presente para Minas. Precisa de ajuda mesmo.

ÉPOCA – Então, esta não seria por si só uma razão suficiente para não aceitar ser vice do Serra... De que forma Fernando Henrique Cardoso e outros tentaram convencer o sr a compor a chapa com o Serra?
Aécio - Eles achavam que unir as duas principais forças do partido e os dois estados mais importantes seria um ganho. Mas as pesquisas demonstram que aumenta em apenas 5% em Minas Gerais o número de pessoas que condicionam o voto no Serra a minha participação na chapa.

ÉPOCA – Há quem diga que o sr, como vice, ajudaria mais seu candidato em Minas do que como candidato ao Senado.
Aécio - Ruth, na vida e na política, você tem de ter convicções, senão não vai a lugar nenhum. Eu tenho as minhas mas se alguém me convencer, estou aberto. Só não dá para fazer isso assim, sob pressão. Não adianta empurrar. Porque empurrando eu não vou. Eu tenho uma responsabilidade muito grande com Minas. Fizemos uma transformação radical no estado, na cabeça das pessoas, nos servidores. Minas estava estagnada. Mas hoje é o estado que mais cresce no país. Vamos anunciar neste primeiro semestre R$ 50 bilhões de investimentos novos. São Paulo, com toda a pujança, vai anunciar R$ 37 bilhões. Nós estamos num momento muito virtuoso, empresas vindo, empregos vindo. O interior mais pobre se desenvolvendo, a educação melhorando, e eu tenho responsabilidade pela continuidade disso. Se voltar o mesmo time que derrotamos lá atrás, o PMDB antigo, tudo que nós fizemos aqui se perde, é muito fácil desconstruir.

ÉPOCA – Mas o que é mais importante para o sr? O Anastasia vencer em Minas ou o Serra no Brasil?
Aécio - Os dois são muito importantes. Não coloco um na frente do outro. Não haverá ninguém no Brasil mais dedicado à vitória do Serra do que eu. Por uma razão. Acho importante para o Brasil encerrar este ciclo do PT na presidência. E minha forma de ajudar é dando a vitória ao Serra em Minas, embora eu saiba que tem gente que discorde de mim. Vou gravar os programas eleitorais, vou subir nos palanques, vou discutir com ele a estratégia da campanha, os grandes temas.

ÉPOCA – Existe algum ressentimento seu com o Serra, por ele ter ignorado seus apelos por prévias no partido?
Aécio - Zero. Como eu posso ter rancor por alguém que estava buscando o mesmo que eu? A atitude do Serra foi legítima, não houve deslealdade. Ele estava apostando na força dele, nas pesquisas. As lideranças do partido foram nessa direção. Na política, a gente está desacostumado a acreditar no que o político diz. Quando eu comecei a conversar com PMDB, PSB, para criar uma aproximação desses partidos conosco, todo mundo achava que eu sairia do PSDB. Diziam que já estava tudo acertado. Muita gente achou que eu iria para a convenção, que eu ia rachar o partido. Mas eu jamais sairia de um partido com o qual eu tinha identidade. Olha, a vida foi muito generosa comigo. E estou de bem com a vida, sabendo que estou fazendo o melhor para o partido e para o Brasil.

ÉPOCA – Quem seria o melhor vice para o Serra, hoje?
Aécio - Tasso (Jereissati) é hoje o nome mais sólido, não só por ser do Ceará, no Nordeste, uma região onde o PT tem fortes aliados, mas por falar o que pensa sem rodeios. É uma questão de personalidade. Precisamos de alguém que tenha, como o Tasso, grande capacidade de comunicação. Ele complementa o Serra, os dois são muito diferentes. Como o Serra não vai partir para o confronto direto com o Lula, mesmo que aumente o tom das críticas agora, eu gosto pessoalmente dessa alternativa do Tasso, que fala muito, parte para o embate e é ouvido pela imprensa.

ÉPOCA – E fora do PSDB?
Aécio - Serra me disse, antes de eu viajar, que o nome do vice seria (o senador Francisco) Dornelles, mas a questão da emenda (do projeto Ficha Limpa, para o qual Dornelles sugeriu uma alteração polêmica que enfraquece o texto) atrapalhou um pouco. O Itamar (Franco) seria outro nome, por representar a bandeira da ética, mas há resistências.
ÉPOCA – O sr mesmo assim continua a ser cortejado. Deve ser muito bom para o ego de um político.
Aécio - Eu me sinto honrado por ser lembrado...ou melhor, requisitado. Como disse, eu nunca estive convencido de que minha entrada na chapa com o Serra mudaria o panorama. Tive uma longa conversa com o Serra três meses atrás, com o Fernando Henrique e o Sérgio Guerra (presidente do PSDB), e fui muito claro. Estou com minha cabeça extremamente bem arrumada. Fiz o que tinha que fazer, com absoluta correção. Saí na hora em que estender minha candidatura não faria mais sentido.
ÉPOCA – E quem chama o sr. de antipatriota por se recusar a ser vice do Serra?
Aécio - Eu acho patético. Deve ser alguém que gosta demais de mim, não? Sugiro que não se superestime minha força nem subestimem minhas convicções.

Fonte: Revista Época.